22 de noviembre de 2018

VAMOS FALAR, jueves 22 de noviembre a las 19 horas, Seminario.



Queridos colegas, trago o poema de Adélia Prado para a conversação desta semana.

Adélia Prado (1935)
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Poetisa nascida em Minas Gerais (Brasil). Ela é professora, filósofa e escritora de literatura contemporânea. Escreve poesias, romances e contos onde aborda, quase sempre, a condição de ser mulher.

Com licença poética

Quando nasci um anjo esbelto, desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher, esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios* que me cabem, sem precisar mentir.
Não sou feia que não possa casar, acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor. Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina. Inauguro linhagens, fundo reinos — dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree, já a minha vontade de alegria, sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo** na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.

*subterfúgio (1) manobra ou pretexto para evitar dificuldades; pretexto, evasiva.
"nas situações difíceis, sempre recorre a subterfúgios". (2) astúcia para se conseguir algo.

**Coxear (1) caminhar com dificuldade, apoiando-se com mais frequência em uma das pernas por defeito físico ou por qualquer lesão temporária; (2) apresentar hesitação (diante de alguma coisa); hesitar, vacilar.
"ante o problema, coxeava".

Recuperado de https://www.todamateria.com.br/poetas-brasileiros/

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